
SONETO LXXXVIII
Quando me tratas mau e, desprezado, William Shakespeare
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem.
Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória.
Mas lucro também tiro desse ofício:
Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício,
Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto.
SONETO CV
Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.
William Shakespeare William Shakespeare William Shakespeare Em mim, por timidez, fica omitido Seja meu livro então minha eloqüência, Mais que a língua que mais o tenha feito. William Shakespeare
SONETO LXX
Se te censuram, não é teu defeito,
Porque a injúria os mais belos pretende;
Da graça o ornamento é vão, suspeito,
Corvo a sujar o céu que mais esplende.
Enquanto fores bom, a injúria prova
Que tens valor, que o tempo te venera,
Pois o Verme na flor gozo renova,
E em ti irrompe a mais pura primavera.
Da infância os maus tempos pular soubeste,
Vencendo o assalto ou do assalto distante;
Mas não penses achar vantagem neste
Fado, que a inveja alarga, é incessante.
Se a ti nada demanda de suspeita,
És reino a que o coração se sujeita.
SONETO LXV
Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor.
Soneto 23 ~
Como no palco o ator que é imperfeito
Faz mal o seu papel só por temor,
Ou quem, por ter repleto de ódio o peito
Vê o coração quebrar-se num tremor,
O rito mais solene da paixão;
E o meu amor eu vejo enfraquecido,
Vergado pela própria dimensão.
Arauto mudo do que diz meu peito,
Que implora amor e busca recompensa
Saiba ler o que escreve o amor calado:
Ouvir com os olhos é do amor o fado.
~ Soneto 30 ~
Quando à corte silente do pensar Afogo olhar em lágrima, tão rara, Posso então lastimar o erro esquecido, Tornando a pagar contas todas pagas. William Shakespeare
Eu convoco as lembranças do passado,
Suspiro pelo que ontem fui buscar,
Chorando o tempo já desperdiçado,
Por amigos que a morte anoiteceu;
Pranteio dor que o amor já superara,
Deplorando o que desapareceu.
E de tais penas recontar as sagas,
Chorando o já chorado e já sofrido,
Mas, amigo, se em ti penso um momento,
Vão-se as perdas e acaba o sofrimento
Amar e ser amado
Amar e ser amado! Com que anelo (Castro Alves) Quero vivê-lo em cada vão momento E assim, quando mais tarde me procure Eu possa dizer do amor (que tive): (Vinícius de Moraes) Meu verso é sangue. Volúpia ardente... E neste versos de angústia rouca (Manuel Bandeira) Desço o rio no vau dos pequenos canais Fico ali respirando o cheiro bom do estrume Seguida de um olhar não sem malícia e verve (Vinícius de Moraes)
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desveio!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
E, teus olhos mirar meu pensamento,
P'ra tão puro e celeste sentimento:
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano
Beijar teus dedos em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundindo também, amante - amado -
Como um anjo feliz... que pensamento
Soneto de Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e que com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
E em seu louvor hei de espalhar me pranto
Ao seu pesar pesar ou seu contentamento.
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja eterno enquanto dure.
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
-Eu faço versos como quem morre.
Soneto de Intimidade
Nas tarde da fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando uma capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamoe em comum numa festa de espuma.
POEMINHA SENTIMENTAL
O meu amor, o meu amor, Maria Mario Quintana
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.
AMOR E SEU TEMPO
Amor é privilégio de maduros É isto, amor: o ganho não previsto, valendo a pena e o preço do terrestre, Amor é o que se aprende no limite, Carlos Drummond de Andrade Mas, se não fosse ele, também Mariquita, dá cá o pito, Carlos Drummond de Andrade Mário Quintana Mário Quintana Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada, E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil Mario Quintana
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Toada do Amor
E o amor sempre nessa toada!
briga perdoa perdoa briga.
Não se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece.
Só o amor volta para brigar,
para perdoar,
amor cachorro bandido trem.
que graça que a vida tinha?
no teu pito está o infinito.
BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
EU QUERO É TEU CALOR ANIMAL
"Mas onde já se ouviu falar num amor á distância,
Num teleamor ?!
Num amor de longe…
Eu sonho é um amor pertinho…
E depois
Esse calor humano é uma coisa que todos - até os executivos têm
É algo que acaba se perdendo no ar
No vento
No frio que agora faz…
Escuta!
O que eu quero
O que eu amo
O que eu desejo em ti
È teu calor animal… "
CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
nada, numa alegria atônita...
Aonde viessem pousar os passarinhos.
Sugar e ser sugado pelo amor
Sugar e ser sugado pelo amor Carlos Drummond de Andrade
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.
O tempo
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Mário Quintana
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
Memória
Amar o perdido Nada pode o olvido As coisas tangíveis Mas as coisas findas Carlos Drummond de Andrade Pablo Nerud
deixa confundido
este coração.
contra o sem sentido
apelo do Não.
tornam-se insensíveis
à palma da mão
muito mais que lindas,
essas ficarão.
A DANÇA
Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
.
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Sorria!
Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz
Charles Chaplim
Poema da NoiteJá chorei vendo fotos e ouvindo musica;
Já liguei só para ouvir uma voz;
Me apaixonei por um sorriso;
Já pensei que fosse morrer de saudade;
E tive medo de perder alguem especial... (e acabei perdendo)
Já pulei e gritei de tanta felicidade;
Já vivi de amor e fiz muitas juras eternas... "quebrei a cara muitas vezes!"
Já abracei para proteger;
Já dei risadas quando não podia;
Já fiz amigos eternos;
Amei e fui amado;
Mas tambem já fui rejeitado;
Fui amado e não amei..
Charles Chaplim
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” pra ser insignificante"
Charles Chaplim
Se vai tentar
siga em frente.
Senão, nem começe!
Isso pode significar perder namoradas
esposas, família, trabalho...e talvez a cabeça.
Pode significar ficar sem comer por dias,
Pode significar congelar em um parque,
Pode significar cadeia,
Pode significar caçoadas, desolação...
A desolação é o presente
O resto é uma prova de sua paciência,
do quanto realmente quis fazer
E farei, apesar do menosprezo
E será melhor que qualquer coisa que possa imaginar.
Se vai tentar,
Vá em frente.
Não há outro sentimento como este
Ficará sozinho com os Deuses
E as noites serão quentes
Levará a vida com um sorriso perfeito
É a única coisa que vale a pena.
Amizade Distante.
Amigo(a),
Estamos distantes e ao mesmo tempo tão perto...
A amizade que nos une pode vencer todas as distâncias.
Ela sim é mais forte que o tempo. Ela sim poderia atravessar
a imensidão do espaço e transcender os limites da vida.
Sim... Como ela é forte, pois essa amizade nada nem ninguém
destruirá. Que perdure enquanto nossas almas existirem...
Que nem a distância, nem o tempo e nem mesmo
os nossos erros, terminem a nossa amizade.
Nada é mais valioso do que ela.
O importante da amizade
O importante da amizade não é conhecer o amigo;
e sim saber o que há dentro dele!...
Cada amigo novo que ganhamos na vida, nos aperfeiçoa
e enriquece, não pelo que nos dá, mas pelo
quanto descobrimos de nós mesmos.
Ser amigo não é coisa de um dia. São gestos, palavras,
sentimentos que se solidificam no tempo
e não se apagam jamais.
O amigo revela, desvenda, conforta.
É uma porta sempre aberta em qualquer situação.
O amigo na hora certa, é sol ao meio
dia, estrela na escuridão.
O amigo é bússola e rota no oceano,
porto seguro da tripulação.
O amigo é o milagre do calor humano
que Deus opera no coração.
A amizade é assim:
É sentir o carinho,
É ouvir o chamado.
É saber o momento
de ficar calado.
Amizade é somar
alegrias, dividir tristeza.
É respeitar o espaço,
silenciar o segredo.
È a certeza
da mão estentida.
A cumplicidade que
não se explica,
Apenas vive!